terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Grito de guerra

Põe-te no meu lugar.

Consegues ouvi-lo? É o som de milhares de vozes de batalha que estremecem e corrompem o chão. É o som da luta incessante, outrora começada e jamais terminada. Gritos de guerra, gritos de coragem, gritos de tortura. Queres tapar os ouvidos?

Diz-me o que vês com tanta atenção. Porventura vês sonhos de glória e admiração ou de caos e destruição? São braços cansados e marcados pelo tempo, pernas fraquejantes que cedem à tentação do chão. Os teus olhos não choram da emoção?

E sentir? As lanças a perfurarem os corações cheios de adrenalina, a doce dor do peito é rejeitada pelo cérebro que esforça em encontrar a harmonia e o balanço do corpo moribundo. O que negas e absorves?

Tu sabes que no final do dia a batalha acaba mas o sabor continua, aquele mesmo que te invoca, te suplica por mais um dia. A experiência de guerra diz-te, as cicatrizes ouvem-te e a tua boca sente o epilogo a fugir por entre as silabas.

Agora, põe-te no teu lugar. O que ouves? O que vês? O que sentes?

Largo a minha lança e o meu escudo, condenado à mão frágil do destino.

Estou à tua mercê.

Perfura-me.

Perfura-me rápido que não aguento!

Quero ouvir, quero ver, quero sentir!

Perfura-me...!

Desvenda a minha côr e saberás que o meu sorriso

é o meu grito de guerra!

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